domingo, 29 de junho de 2014

Oitava de final 1 - Crônica: Brasil x Chile

Imagine uma tempestade. Uma tempestade...de cerveja! Um sonho para um bom bebedor do "suco de cevada". Esse temporal atingiu o Mineirão na partida entre Brasil e Chile. Foi a melhor chuva que tomei na vida. Uma chuva de alegria, de alívio, de comemoração! Ela caiu após 120 minutos e dez pênaltis. Muitos copos ao ar e gotas da bebida molhando a todos. Acabou com a angústia. Lavou a alma.

Mais uma vez Belo Horizonte. Palco de meu primeiro jogo em Copas entre Bélgica e Argélia. A capital de Minas Gerais foi o local onde tive mais um sonho realizado: assistir a um jogo do Brasil em Copas. Abençoada seja a terra do pão de queijo. 

Foram quase seis horas em frente aos computadores. Sim! Eu estava com dois notebooks abertos, o meu novo e o antigo. Dois navegadores abertos em cada. Site da FIFA. Quando não há ingressos, tarjas pretas aparecem. Assim que ficam disponíveis, mudam de cor dependendo da quantidade à dispor. Geralmente a tarja fica vermelha indicando baixa disponibilidade. A cada cinco minutos, o site atualiza e você tem que ser rápido para clicar e conseguir o feito: comprar seu ingresso. E assim foi: das 23h30 da terça 24/06 às 5h30 da quarta 25/06. São João me ajudou. Fui persistente e consegui!

Desta vez não fui sozinho. Luccas, irmão de meu brother Maurão, foi comigo. Também era sua primeira vez em jogo do Brasil numa Copa. A ansiedade era igual em ambos. Fizemos boa viagem. Já em "Belzonte", depois do café da manhã na rodoviária, fomos bater perna para tirar o nó do peito. Durou pouco. Partimos logo para o estádio. Chegamos às nove, os portões seriam abertos às dez e o jogo começaria às 13 horas. Aproveitamos tudo do pré-jogo. Entramos ao vivo em links da TV colombiana, Globo Minas, Sportv. Cantamos com os brasileiros, provocamos os chilenos, tudo de maneira saudável e jocosa. O ambiente era legal, de confraternização, mas vamos ao que interessa: o jogo!

Começamos bem. Pressionando os chilenos, sufocando. A torcida não parava de cantar. Gritos de "Brasil" ecoavam pelo Mineirão. Quando David Luiz abriu o placar, o êxtase! Abraçamo-nos todos! Eu, Luccas, a galera sentada embaixo, a da fileira de cima. Animos unidos e eufóricos. Não há nada igual. O gol dava pinta de que iríamos golear. O Chile ficou desnorteado. O jogo estava em nossas mãos. Então, Marcelo e Hulk vacilaram em um lance lateral na defesa. Vargas foi esperto e tomou a bola do bundudo camisa sete brasileiro e cruzou para Sánchez empatar. Foi um golpe. O Brasil não conseguiu mais jogar. A bola não passava pelo meio. Era ligação direta de Julio Cesar para o ataque, sem efeito. Neymar não estava em seu melhor dia. Dependemos dele, sim, para nosso jogo fluir. Ele não estando bem e Daniel Alves, Marcelo, Oscar, Hulk e Fred em dia horrível, o jogo foi se arrastando com chegadas sem qualidade do Brasil e, as poucas criadas pelo Chile, foram perigosas. Tava na cara que daria prorrogação. No fim do tempo extra, a bola chilena no travessão deu um gelo "monstro" na espinha, mas trouxe uma certeza: se essa não entrou, nós vamos ganhar.


Partida com a cara de Felipão, que errou tudo nesse jogo. Desde a escalação até as substituições. Uma coisa ele acertou: convocar Julio Cesar. O goleirão trazia uma culpa pela eliminação na Copa de 2010 que não era só dele. Sentiu muito aquela perda. Quando a partida foi para a disputa de pênaltis, seria a hora da redenção. E foi. Pegou duas cobranças, foi eleito o "Homem do Jogo" e apagou a desconfiança de todos. Julio Cesar foi o Neymar deste Brasil x Chile. Foi sofrido, mas valeu! 


Não há como descrever o que foi estar em um jogo do Brasil em Copa do Mundo. Ainda mais neste contra o Chile. Ansiedade, euforia, medo de um "Mineirazzo", alegria, decepção, drama, um mix de emoções que, juntas, formam o amor ao futebol. Foi um jogo diferente de todos os que vi. E não foram poucos. Frequento estádios desde moleque e essa foi, sem dúvida, a maior emoção que senti perto do gramado. Fora a partida, houve uma confraternização bacana com dois senhores que estavam à nossa frente. Além de torcerem, se comoveram com a emoção do Luccas. O garoto estava muito "pilhado". Gritou, xingou, vibrou com o gol, se preocupou e no final, não segurou o choro. Chorei junto. Foi um choro de alívio e de alegria. Juntou tudo: o fato de estar vivenciando aquele momento, o medo de perder, a alegria de vencer. Chora Luccas! Alivia esse peito. Senti como se fosse meu irmão assistindo ao jogo comigo. Torcemos juntos, vibramos juntos, tomamos chuva de cerveja juntos. A melhor tempestade que tomamos na vida. 


FICHA TÉCNICA
BRASIL (3) 1 X 1 (2) CHILE - JOGO 49
Local:   Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG) 
Data: 28 de junho de 2014, sábado
Horário: 13 horas (de Brasília) 
Árbitro: Howard Webb (Inglaterra) 
Assistentes: Michael Mullarkey e Darren Cann (ambos da Inglaterra) 
Cartões amarelos: Hulk, Luiz Gustavo, Jô, Daniel Alves (Brasil). Mena, Silva (Chile) 

GOLS: BRASIL: David Luiz, aos 18 minutos do primeiro tempo
CHILE: Sánchez, aos 31 minutos do primeiro tempo

Pênaltis: BRASIL: David Luiz, Marcelo e Neymar converteram. Willian e Hulk perderam
CHILE: Aránguiz e Díaz converteram. Pinilla, Sánchez e Jara perderam
BRASIL: Júlio César; Daniel Alves, David Luiz, Thiago Silva e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho (Ramires) e Oscar (Willian); Hulk, Fred (Jô) e Neymar
Técnico: Luiz Felipe Scolari
CHILE: Bravo; Silva, Medel (Rojas) e Jara; Isla, Aránguiz, Díaz, Vidal (Pinilla) e Mena; Sánchez e Vargas (Gutierrez)
Técnico: Jorge Sampaoli

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