Meu amor por futebol começou com uma desilusão: a Copa de 1982, na Espanha. Jogadas mágicas, vistosas, que levaram brilho aos olhos daquele menino de Santos, então com nove anos de idade. Zico, Falcão, Sócrates, Cerezo, Leandro, Júnior...Que time, que timaço! Futebol em forma de poesia. Então veio o fatídico 05 de julho. Estádio Sarriá, em Barcelona. Um nome: Paolo Rossi, o destruidor de sonhos. Fez os três gols que eliminaram a seleção brasileira do torneio.
Com a tristeza, o amor floresceu. A partir dali veio um sonho: assistir a uma partida de Copa do Mundo no estádio. Em todas as viagens que faço, podem me achar louco se quiserem, eu costumo ir ao campo de futebol da cidade. Gosto de entrar, mesmo que esteja vazio.
Quando o Brasil foi escolhido como sede da Copa do Mundo, a felicidade foi grande. Vou realizar meu sonho. Então, a FIFA abriu a venda de um primeiro lote de ingressos sem ainda sequer ter sorteado os grupos. Meu pedido foi negado. O segundo lote, já com grupos conhecidos, foi aberto e escolhi dois jogos no Maracanã: Argentina x Bósnia e Espanha x Chile, pedido negado mais uma vez. Então veio a terceira chance: compra quem conseguir chegar primeiro após uma fila virtual que começaria à meia noite do dia 04 de junho. Três horas em frente ao computador e chegou a minha vez de comprar: não havia mais jogos disponíveis nas principais praças. Desde então, fiquei aguardando que ingressos ficassem disponíveis em qualquer estádio. E, finalmente, consegui: Bélgica x Argélia, no Mineirão, terça, 17 de junho, às 13 horas.
Começou a correria: não havia passagem de avião, procurei em empresas de ônibus e consegui: saída
23h50 de segunda e retorno, às 23 horas de terça. O famoso "bate e volta". E assim foi. Cheguei na rodoviária de "Belzonte", às 7h30, comi um belo pão de queijo e procurei por informações. Me indicaram usar o BRT (Bus Rapid Transit, o corredor de ônibus que estava com linha direta para o estádio). Cheguei rápido ao Mineirão, às 10 horas. Queria desfrutar cada minuto daquele momento. Aproveitei tudo o que havia fora do estádio, entrei em todos os stands de patrocinadores, conversei com muitos gringos, participei de gritos de guerra, tirei foto com modelos, fiz a festa!
Depois disso tudo, chegou a grande hora: entrar no estádio. Quando bati o olho no gramado e cadeiras acinzentadas, meus olhos percorriam todos os cantos para que cada imagem ficasse gravada na memória. Me veio a emoção da criança que descrevi no início do texto. A emoção da primeira vez. Todas as lembranças, todos os estádios que fui, nada era mais emocionante do que estar naquele Bélgica x Argélia. Demais! Demais!
A atmosfera era diferente, a confraternização, a cantoria dos belgas, a alegria dos argelinos, cada detalhe me deixava feliz. Quando a musiquinha da FIFA anunciando a entrada das seleções no gramado tocou, confesso que chorei. Foi um choro bom, de felicidade. Hinos, apertos de mão, escolha de campo, apita o árbitro, bola rolando, jogo pegado, gol da Argélia, eu grito o gol, argelinos na retranca, belgas sem saída. Fim do 1º tempo, intervalo com músicas. Começa o 2º tempo, Bélgica melhora, empata o jogo, eu grito gol de novo, faz o segundo, mais um grito, passo a torcer pelo empate da Argélia, afinal, como diz a música: "Eu quero ver gol". Fim de jogo. Bélgica 2x1 Argélia. Uma sensação boa. De sonho realizado. Saí do estádio com um sorriso de orelha a orelha.
Eram 15 horas. Às 16 horas, Brasil x México, jogariam em Fortaleza. Resolvi assistir ao jogo na Fan Fest, que foi
montada na Expominas. Um pouco longe. Comecei mais uma correria: Peguei o BRT até a estação de metrô mais próxima. Desci na estação do local da festa. Muita gente! Tumulto! A polícia fechou os portões. Lotação máxima de 21 mil pessoas atingida. Desisti. Procurei um bar com uma televisão e não achei. É difícil não encontrar um bar em BH. Resolvi voltar à rodoviária. O jogo chegava aos 30 minutos do 1º tempo. Lá encontrei uma lanchonete, já cheia, com uma TV de 32 polegadas, ligada a uma antena receptora de TV digital, que de digital não tinha nada. A imagem estava cheia de "fantasmas". Foi o que consegui arrumar. O Brasil não jogou bem e ainda não contava com a atuação assustadora (aí entendi os fantasmas) do goleiro Ochoa, que garantiu o empate por zero a zero.
Mais tarde, também vi os fantasmas de Rússia 1x1 Coréia do Sul. Depois fiquei batendo papo com chilenos, que iriam ao Rio de Janeiro para acompanhar sua seleção contra os espanhois, até o horário de meu ônibus.
Enfim, cheguei em casa às 6h30, cansado, mas muito feliz por realizar este sonho. Vêm outros por aí.
Local: Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: 17 de junho de 2014, terça-feira
Horário: 13 horas (de Brasília)
Árbitro: Marco Rodríguez (México)
Assistentes: Marvin Torrentera e Marcos Quintero (ambos do México)
Público: 56.800 torcedores
Data: 17 de junho de 2014, terça-feira
Horário: 13 horas (de Brasília)
Árbitro: Marco Rodríguez (México)
Assistentes: Marvin Torrentera e Marcos Quintero (ambos do México)
Público:
Cartões amarelos: (Bélgica) Vertonghen (Argélia) Bentaleb
Gols:
Bélgica: Fellaini, aos 24 e Mertens aos 34 minutos do segundo tempo
Argélia: Feghouli, aos 23 minutos do primeiro tempo
Bélgica: Fellaini, aos 24 e Mertens aos 34 minutos do segundo tempo
Argélia: Feghouli, aos 23 minutos do primeiro tempo
BÉLGICA: Courtois; Alderweireld, Kompany, Van Buyten e Vertonghen; Dembele (Fellaini), Witsel, De Bruyne e Chadli (Mertens); Hazard e Lukaku (Origi)
Técnico: Marc Wilmots
ARGÉLIA: Mbolhi; Mostefa, Bougherra, Halliche e Ghoulam; Bentaleb, Taider, Medjani ( Ghilas) e Feghouli; Mahrez (Lacen) e Soudani (Slimani)
Técnico: Vahid Halilhodzic
Técnico: Vahid Halilhodzic
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