Ela passou. Parece que perdi algo, que alguma coisa de que gosto tanto fui abruptamente arrancada de mim. Estou sentindo falta do clima, dos ares, da confraternização, da expectativa, das alegrias e frustrações, de cobrir o dia-a-dia, mesmo que não profissionalmente como gostaria. Ela aconteceu. Teve Copa e foi muito legal.
Teve Copa e tudo aquilo que falávamos antes dela acontecer, não aconteceu. Todos, inclusive eu, diziam que passaríamos vergonha, que nada funcionaria. Pois não é que tudo funcionou? Poucas reclamações por falta de organização, aeroportos e hotelaria suportaram a demanda, não houve manifestações pesadas como em 2013, fora um ou outro incidente isolado, a paz reinou nas doze sedes, que poderiam muito bem ser oito, mas a politicagem falou mais alto.
A piada recorrente antes do Mundial era: "A Seleção ficou pronta antes dos estádios". Pois é... passada a Copa percebemos que foi o contrário. A falsa impressão causada pela vitória na Copa das Confederações contaminou grande parte da mídia. A convocação do professor Felipão foi pouco contestada, apenas Henrique, um zagueiro, foi o nome discutido. Ronaldinho, Kaká, Robinho, entre outros, não fariam falta porque tínhamos um time de jovens talentos e uma comissão técnica experiente e campeã. Foram de pouca valia. Apostar na Família Scolari, no "Vamos que vamos", no "Fator casa" e, principalmente, na Psicologia como fundamentos para a vitória foi um tiro n'água.
Agora é cobrar das autoridades o chamado "Legado". Fiscalizar as obras em aeroportos e as de mobilidade urbana nas cidades-sede. Observar se ainda ocorrerão superfaturamento dessas intervenções. Vamos ficar de olho para que tudo saia na hora certa, sem fins eleitoreiros. As arenas construídas em locais onde o futebol não é desenvolvido precisam ter utilidade para não virarem "Elefantes Brancos". Tudo o que funcionou na Copa poderia funcionar no dia-a-dia do torcedor brasileiro: transporte público, acessibilidade, lugares marcados (este é quase impossível), limpeza, ordem, torcidas misturadas (esta nem em sonho) e horários cumpridos. Pode ser utópico, mas algumas dessas coisas são possíveis de ocorrer.
Teve Copa e, dentro de campo, foi mesmo a "Copa das Copas". Jogos emocionantes, 171 gols, igualando o recorde de 1998, na França. 64 jogos, sete com placares em branco, muitas goleadas (17 partidas tiveram placares com quatro gols ou mais), a maior foi nosso recorde negativo histórico: Alemanha 7 x 1 Brasil. Abaixo, mais números da Copa de 2014:
Média de público: 53.591 - a segunda maior da história. A primeira foi nos EUA, em 1994: 68.413;
Maior público em jogos do Brasil: 69.112 - Estádio Nacional (DF) - Brasil 4 x 1 Camarões;
Maior público: 74.738 - a Final entre Alemanha e Argentina e o jogo da 1ª fase entre Argentina e Bósnia, ambas no Maracanã;
Menor público: 37.603 - Rússia 1 x 1 Coreia do Sul -1ª fase, na Arena Pantanal (MT).
Média de gols: 2,67 por jogo
Artilheiros:
James Rodriguez (Col) - 6 gols
Thomas Müller (Ale) - 5 gols
Van Persie (Hol) - 5 gols
Lionel Messi (Arg) - 4 gols
Neymar (Bra) - 4 gols
Mais números:
- A Alemanha é a primeira seleção europeia a conquistar uma Copa do Mundo no continente americano.
- Os dois gols marcados por Miroslav Klose levaram o polonês/alemão ao posto de maior artilheiro de todas as Copas com 16 gols, batendo o recorde de Ronaldo Fenômeno;
- A Seleção Brasileira atingiu alguns recordes negativos: Pior goleada de sua história (1x7 Ale), Pior derrota de um país sede (1x7 Ale), defesa brasileira que levou mais gols em Copas (14), maior número de cartões amarelos (13), perdeu para a Alemanha o posto de maior participação em finais (7 x 8);
- Julio Cesar é agora o goleiro brasileiro que mais sofreu gols em Copas (18). Foram 14 no Brasil e quatro na Copa da África do Sul, em 2010;
- Foram distribuídos 181 cartões amarelos (2,83 por jogo) e 10 vermelhos (0,16 por jogo);
- Melhor ataque: Alemanha (18 gols). Os piores: Camarões, Honduras e Irã (1 gol cada);
- Melhor defesa: Costa Rica (2 gols sofridos). A pior: BRASIL (14 gols sofridos);
- O goleiro colombiano Faryd Mondragón, com 43 anos e três dias, tornou-se o jogador mais velho a participar de uma partida de Copa, superando o camaronês Roger Milla;
- Ravshan Irmatov, do Uzbequistão, com nove jogos, tornou-se o árbitro com mais partidas em Copas;
- O goleiro dos EUA, Tim Howard, alcançou o recorde de mais defesas em uma partida, foram 16 contra a Bélgica;
- Estádio com mais gols: Fonte Nova (BA) - 24 gols em seis jogos; com menos: Arena das Dunas (RN) - 5 gols em quatro jogos;
- Placar mais comum: 2 x 1 (15 vezes);
- Foram oito partidas com prorrogações, quatro com disputa por pênaltis;
- Primeira vez que os quatro semifinalistas chegaram a esta fase passando por prorrogações nas quartas de final;
- Manuel Neuer (Ale) foi eleito o melhor goleiro e Lionel Messi (Arg), o melhor jogador da Copa 2014.
Enfim, pude acompanhar "in loco" a três partidas: Bélgica 2 x 1 Argélia, França 0 x 0 Equador e Brasil 1 x 1 Chile. Sonhos realizados: assistir a uma partida de Copa e ao Brasil (mesmo com esse timinho) jogando em uma Copa. Mas este será uma assunto para um próximo post.
A Copa do Mundo já saiu do Brasil, mas ainda não saiu de mim.
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