Foi tudo isso, mesmo!
Quando o quinto gol saiu, a perplexidade era tanta que não senti mais nada. Nem raiva, nem tristeza, eu parecia não acreditar naquilo, mas estava vendo a história acontecer, sem percebê-la. Não chorei como em 1982, apenas engoli aos poucos a derrota. Talvez amanhã eu tenha dor de barriga. Então botarei tudo pra fora. Eu quaaase fui ao Mineirão! Fui salvo por um "Fofana", ufa! E o Mineirazo, que quase ocorreu contra o Chile (eu fui nesse), aconteceu de forma acachapante.
Um dia nós tivemos um futebol arte, técnico e a Alemanha era força e marcação. Hoje é o contrário. Os alemães são muito mais técnicos do que nós. O "choque de realidade" nos foi mostrado de forma dura. E nossa força? Hoje foi fraquinha. Um desastre! Simplesmente a pior derrota da história da seleção brasileira. A maior goleada sofrida havia sido 6 a 0 para o Uruguai, em um Sul-Americano, no dia 18/09/1920.
1920!!! A bola nem era redonda. Era oval, cheia de costuras. Os jogadores usavam toucas pra não terem suas testas cortadas pelas cicatrizes de linhas salientes. O couro da bola de capotão era duro. Quando chovia, a pelota virava chumbo. Foi nessas condições que perdemos no início do Século XX.
Hoje, a Alemanha goleou e respeitou o Brasil. Jogaram bola, não fizeram firula em nenhum momento. Só tiraram um pouco o pé, senão fariam mais gols. Foram categóricos! Têm entrosamento - muitos jogam juntos desde 2006. Estão com o mesmo técnico desde 2006. Têm um campeonato forte, estruturado. Isto tudo explicaria uma simples vitória sobre o Brasil. Um 7 a 1 não tem explicação. Só os flamenguistas tirarão proveito dessa derrota porque a camisa alemã é parecida com a do clube da Gávea. Bem que poderia ser um jogo-treino entre o Mengo e a seleção da Suécia. Acho que nem esse jogo chegaria aos 7 a 1.
Será que seria assim com Thiago Silva e Neymar em campo? Não dá para saber. A derrota seria normal. Esta derrota não foi. A defesa montada hoje (Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo) nunca havia jogado junta. Os volantes estavam perdidos. O negócio foi tomar aquele gol do Müller. O artilheiro, repito, o ARTILHEIRO alemão livre, leve e solto na área. Até o Deivid, em seus tempos de "Inacreditável Futebol Clube", faria aquele gol. Depois do primeiro, veio a pane, o tilt: quatro gols em seis minutos. O jogo acabou. Depois era rezar pra não tomar de dez, o famoso "cinco vira, dez acaba" que jogávamos com gols de chinelos Havaianas nas peladas de praia. Foi de sete, ufa! E o gol de honra... Honra! Sem comentários.
Foi a maior goleada aplicada em uma partida semifinal de Copa. As maiores haviam sido 6 a 1, em 1930, aplicadas por Argentinos e Uruguaios nos EUA e Iugoslávia, respectivamente.
Klose fez seu 16º gol, ultrapassando Ronaldo e se tornou o jogador com mais gols em Copas do Mundo. E veja bem: os alemães isolaram-se em Santa Cruz Cabrália, no litoral da Bahia, curtiram o lugar, cantaram o hino do Bahia, fizeram selfies com camisas do Grêmio e Flamengo, dançaram Lepo-Lepo, estavam soltinhos, muito mais que os brasileiros. Na hora de treinar, treinaram.
E hoje, exatamente hoje, fez 24 anos que os alemães conquistaram sua última Copa. Foi em 1990, no 1 a 0 contra a Argentina, gol de Andreas Brehme.
Agora é jogar pelo melancólico terceiro lugar e pensar em 2018. Aproveitar essa base (sim, temos bons jogadores), coisa que não tivemos da Copa passada e trabalhar muito. O grande problema: dirigentes como Marin e Del Nero. Com eles, nem com 11 "Neymares" ganharemos algo. Última coisa: Chega de Parreira!! Chupim que só aparece nas horas boas. Teremos muito trabalho pela frente.
Curiosidades (Fonte: ESPN)
- Primeira vez que o Brasil toma goleada acima de quatro gols em Copas (Pior era o 3 x 0 para a França na final da Copa de 1998);
- Desde a Copa de 1974, uma seleção não levava cinco gols no 1º tempo (Iugoslávia 6 x 0 Zaire e Polônia 5 x 0 Haiti);
- Primeira vez na história que uma seleção leva sete gols em uma semifinal;
- Brasil levou quatro gols em seis minutos (tempo mais curto da história);
- Primeira vez que o Brasil toma sete gols em casa;
- Brasil é o segundo anfitrião que leva sete gols em Copas (Suíça 5 x 7 Áustria, em 1954).
FICHA TÉCNICA
BRASIL 1 X 7 ALEMANHA - JOGO 61
Data: 8 de julho de 2014, terça-feira
Horário: 17h (de Brasília)
Assistentes: Marvin Torrentera (MEX) e Marcos Quintero (MEX)
Cartão amarelo: Dante (Brasil)
Gols:
BRASIL: Oscar, aos 44 minutos do segundo tempo
ALEMANHA: Muller, aos dez, Klose, aos 22, Kroos, aos 23 e aos 25, e Khedira, aos 28 minutos do primeiro tempo; Schurrle, aos 23 e aos 33 minutos do segundo tempo
BRASIL: Júlio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo e Fernandinho (Paulinho); Bernard, Oscar e Hulk (Ramires); Fred (Willian)
Técnico: Luiz Felipe Scolari
Técnico: Luiz Felipe Scolari
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